sábado, 22 de outubro de 2011

ENTREVISTA


IRMÃ DE ORITON AGUARDA AS PROVAS DO CASO

Imagem: Lenira Cardoso em foto enviada pelo jornal Liberais para ilustrar a postagem


EM ENTREVISTA AO JORNAL LIBERAIS DE JATAÍ, A IRMÃ DO EMPRESÁRIO, LENIRA SOUZA CARDOSO, REVELA DADOS DAS INVESTIGAÇÕES E FALA SOBRE O SOFRIMENTO DA FAMÍLIA

     Dia 25 de abril (sábado) de 2009, por volta das 10h, o empresário Oriton Souza Cardoso deixa sua empresa dirigindo uma caminhoneta F-250. Vinte minutos depois, a sua secretária, Adinalva Souza Dias fecha as portas da empresa e sobe pilotando uma motocicleta na Avenida Said Abdalla. Depois disso eles estiveram desaparecidos durante três dias até serem encontrados mortos num matagal próximo a BR-364 saída para Mineiros. Eles foram assassinados com tiros na cabeça e havia ainda sinais de tortura.

     A partir daí começou um quebra-cabeça: quem teria praticado esses crimes? Por que Oriton e Adinalva teriam que morrer? Ainda sem muita explicação, a responsabilidade pela investigação dos delitos passou para o comando da DEIC – Delegacia Estadual de Investigações Criminais com sede em Goiânia. Hoje, passados dois anos – e até o fechamento desta edição – o caso continua ainda sem solução e os criminosos estão impunes. As famílias das vítimas e a sociedade jataiense clamam por justiça. Confira a seguir uma entrevista exclusiva concedida ao Jornal LIBERAIS pela irmã de Oriton: Lenira Souza Cardoso.


LIBERAIS - Quando o Oriton desapareceu quem avisou a sua família?
Lenira - Por volta das 17 horas, a sogra dele mim ligou dizendo que o meu irmão havia desaparecido.

LIBERAIS - Como vocês agiram a partir desse momento?
Lenira - Fui para a casa do meu outro irmão Ariston e depois para a empresa do Oriton. Ligamos para vários lugares, procuramos a noite inteira pela cidade, fomos na fazenda, fizemos uma procura muito grande na região. No domingo, juntamente com a família da Adinalva fechamos todas as saídas de Jataí e continuamos a procura nos matos e cidades vizinhas.

LIBERAIS - Quando e quem foi o último membro da sua família a falar com o Oriton antes do seu desaparecimento?
Lenira - Foi eu. Em torno de 9h e 30min fui na empresa dele e falei pessoalmente com meu irmão. Foi uma conversa bem rápida porque ele estava de saída para fazenda, tinha que levar uma peça para conserta uma colheitadeira.

LIBERAIS - E o que vocês conversaram?
Lenira - Fui convidar ele para uma festa que ía acontecer a noite naquele dia no CTG. E ele falou que eu podia comprar os ingressos que iria na festa com nós e que talvez no domingo almoçaria com a minha família. Disse ainda que queria falar com a nossa mãe que estava na fazenda.

LIBERAIS - Na sua opinião, o Oriton e a Adinalva, foram abordados juntos pelos assassinos?
Lenira - Acho que eles foram pegos separadamente. Penso que a Adinalva foi abordada primeiro e serviu tipo chamariz para pegar o Oriton.

LIBERAIS - Você quer dizer que a Adinalva foi usada pelos assassinos para atrair o Oriton até o local do crime?
Lenira - Essa é a minha conclusão a respeito da abordagem deles pelos assassinos.

LIBERAIS - Em que lugar e horário você acredita que o Oriton e a Adinalva foram abordados pelos criminosos?
Lenira - Pelo que já apurou, o Oriton saiu da loja dele por volta das 10h e a Adinava fechou a loja as 10h e 45 e subiu de moto na avenida Said Abdalla. Ela morava próximo ao condomínio Barcelona, mas tinha costume de almoçar com sua mãe que mora perto do lago Diacuí. Deve ter sido nesse trajeto que ela foi abordada.

LIBERAIS - Foi um crime passional ou motivado por questões financeiras?
Lenira - Não sei dizer. Existem muitos comentários e muitas versões. É complicado fazer qualquer afirmativa nesse momento, mas espero saber ainda o por que de tamanha violência.

LIBERAIS - Como era o Oriton no seu dia-a-dia?
Lenira - Era uma pessoa muito boa. Um pai exemplar estava sempre junto com a família, viajava com a família, os filhos. Era um tio bom com os sobrinhos, alegre, brincalhão, sorridente e amigo de todos.

LIBERAIS - Você sabe se ele chegou a ser ameaçado alguma vez antes?
Lenira - Não sei. Mas pelo menos ele nunca mencionou que havia sido ameaçado por alguém. Acredito que não.

LIBERAIS - Nesse seu último contato com o Oriton, ele demonstrava algum comportamento diferente (apreensivo)?
Lenira - Não. Ele estava com o mesmo comportamento de sempre. A única diferença que notei foi na Adinalva que se encontrava numa sala ao lado da que nós estava lá na loja e ficou o tempo todo virada de costas pra mim. Em outras vezes ela vinha e me cumprimentava.

LIBERAIS - Sua família conhecia e tinha amizade com a Adinalva?
Lenira - Passamos a conhecer a Adinalva trabalhando na loja. Tínhamos um pequeno contato quando nós íamos na loja e conversavamos normalmente. Mas não tínhamos amizade fora dali.

LIBERAIS - Existem comentários de que poderia haver um relacionamento amoroso entre eles. O que pensa disso?
Lenira - Particularmente, eu não acredito que houvesse um relacionamento amoroso entre eles.

LIBERAIS - Como avalia o trabalho da DEIC-Delegacia Estadual de Insvestigações Criminais nesse caso?
Lenira - Não temos nada para elogiar, porque até hoje não deram conta de solucionar esse bárbaro crime. Vejo um descaso geral do Ministério Público, Poder Judiciário, Secretaria Estadual de Segurança Pública e até do senador Demóstenes Torres que havia prometido nos ajudar.

LIBERAIS - Você sabe dizer o por quê a polícia de Jataí não investigou esse crime?
Lenira - No início pensamos que era um seqüestro, mas depois viram que não era seqüestro. Aí, o pessoal da DEIC já havia entrado no caso. Realmente não sei dizer porquê o crime não foi investigado pela polícia de Jataí.

LIBERAIS - A sua família tem ideia de quem são os assassinos?
Lenira - Cabe a justiça provar e punir os assassinos. Não quero fazer aqui nenhum julgamento. Existem muitas versões, comentários e muitas interrogações que precisam serem esclarecidas.

LIBERAIS - O Oriton tinha algum inimigo declarado?
Lenira - Que eu soubesse não. Nós conversávamos todos os dias e ele nunca mencionou nada nesse sentido.

LIBERAIS - Na sua opinião, o Oriton teve algum tipo de contato com os assassinos alguns dias antes de morrer?
Lenira - Penso que não houve antes nenhum contato com os assassinos. Acho que o contato deles só aconteceu no mesmo dia em que foi abordado.

LIBERAIS - Existem comentários que o Oriton e a Adinalva foram assassinatos num motel da parte alta da cidade. O que acha disso?
Lenira - São muitas situações e versões comentadas na cidade. Mas baseado no rastreamento da torre de telefone celular, os telefones deles não seguirão nessa direção da cidade. Então acho difícil que fosse num motel daquela região.

LIBERAIS - Como tem sido a vida da sua família depois da morte do seu irmão?
Lenira - Nossa vida acabou. Estamos vivendo porque temos filhos para criarem. Perdemos a graça de viver. É muita dor na nossa família e na da Adinalva.

LIBERAIS - Recentemente completou dois anos desse duplo-assassinato. A família ainda acredita que será feito justiça?
Lenira - Estamos sempre buscando meios de elucidar esse crime. Não vamos desistir nunca. Quero que minha mãe – antes de morrer – possa ver justiça nesse caso. Temos muita esperança que a justiça será feita. Infelizmente meu pai morreu no último mês de maio e não pôde ver a elucidação desse delito.

LIBERAIS - A sua família já teve acesso ao inquérito policial?
Lenira - Muito pouco. O delegado da DEIC sempre diz que não pode expor o conteúdo do inquérito para não atrapalhar nas investigações.

LIBERAIS - Na última vez que vocês tiveram na DEIC, o que o delegado falou para a sua família?
Lenira - No mês de maio (2011) estive na DEIC e falei com o delegado Carlos Douglas. Ele disse que estava preparando para fazer uma nova diligência em Jataí dando sequência nas investigações (nesse momento da entrevista Lenira liga no telefone celular do delegado da DEIC. Chama-chama, mas não atende a ligação).

LIBERAIS - Qual será a próxima atitude da família para tentar solucionar os assassinatos?
Lenira - Estamos recorrendo ao novo Delegado Regional de Polícia de Jataí, Dr. André - que já prometeu nos ajudar - para ver o que possa ser feito para resolver os crimes.

LIBERAIS - O microfone do Jornal LIBERIAS está aberto para você dizer o que quiser?
Lenira - Quero agradecer o Jornal pela oportunidade e pela divulgação, que Deus abençoe vocês. Quero ainda agradecer a comunidade jataiense que também sente a dor da nossa família e nós sentimos gratificados pelo apoio recebido de todos. Muito obrigada.


ENTREVISTA ENVIADA AO BLOG ALVO NOTÍCIAS APÓS SOLICITAÇÃO. PUBLICADA NA EDIÇÃO 121 (DE 1º A 15 DE AGOSTO DE 2011) DO JORNAL LIBERAIS. EDITOR RESPONSÁVEL: PIO REZENDE.







Um comentário:

  1. Olha, é de ficar comovido com o drama dessa família. É muito triste perder um ente querido assim e não se saber o motivo. A polícia, se quisesse, ja teria dado uma resposta de pelo menos o motivo do crime.

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